LIBERTAÇÃO

Joaquim Evónio

Naquela noite de luz fragmentada
muitas estrelas caíram dos céus.
Acenderam pirilampos na relva
de bruma a despertar alvoradas
pelos caminhos de Morfeu na floresta
saída dum conto dos irmãos Grimm.

A murmurar cintilantes falavam
ciciando vozes na névoa fria
sem acordar o fantasma dormente
na penumbra onírica da saudade
que em desejo aos poucos se foi mudando.

Reflexos espasmódicos nas auras
coleantes movimentos do plasma
depressa atingiram a massa crítica.

Era inevitável a explosão convulsa
das paixões ali contidas
pela atmosfera quente de ar pesado
em fortes camadas de repressão.

Trombetas e clarins então soaram
esperança a romper foi a primeira
a vencer as grades dessa clausura
E os amantes de todos os tempos
passaram a beber a Liberdade.

Joaquim Evónio
07/12/93

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