AS LINHAS DE UMA FLOR
Redação do Momento Espírita
http://www.momento.com.br/pt/ler_texto.php?id=3792&stat=0
Redação do Momento Espírita
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Pede-se a uma
criança: “Desenha uma flor!” Dá-se-lhe papel e lápis.
A criança vai sentar-se no
outro canto da sala onde não há mais ninguém.
Passado algum tempo
o papel está cheio de linhas. Umas numa direção,
outras noutras. Umas mais
carregadas, outras mais leves.
Umas mais fáceis, outras mais
custosas.
A criança colocou
tanta força em certas linhas que o papel quase não
resistiu. Outras eram tão
delicadas que apenas o peso do lápis
já era demais.
Depois a criança
vem mostrar essas linhas às pessoas: uma flor!
As pessoas não acham parecidas
essas linhas com às de uma flor!
Contudo a palavra
flor andou por dentro da criança, da cabeça para o
coração e do coração para a
cabeça, à procura das linhas com que
se faz uma flor. E a criança pôs no papel
algumas dessas linhas, ou todas.
Talvez as tivesse
posto fora dos seus lugares, mas, são aquelas as
linhas com que Deus faz uma
flor!
* * *
O belo texto de Almada
Negreiros - poeta e artista plástico português
– pode nos levar a várias
reflexões.
A primeira nos leva
pelos caminhos de Antoine de Saint-Exupéry
e seu principezinho
encantador, quando nos mostra a dificuldade
que a alma adulta tem para
compreender o mundo infantil (como se nunca
tivesse transitado pela
infância).
O aviador de
Saint-Exupéry, quando criança, não conseguia ser
compreendido em seus desenhos
mirabolantes.
Eram complexos demais para os adultos...
Outra nuance do
poeminha nos leva a pensar sobre as potências de
nossa alma e de como temos,
dentro de nós, todas as linhas para
desenhar o que bem desejarmos.
Os gérmens da
perfeição, das virtudes da alma, estão todos conosco
desde que fomos criados,
buscando o tempo de serem desenvolvidos.
Assim como as linhas
desenhadas pela criança, nos primeiros
momentos nos parecem ininteligíveis, são
os primeiros movimentos
do ser humano rumo à felicidade.
Os traços vão se
organizando com o tempo, com as encarnações,
com os aprendizados, e nossa flor
no papel vai ficando cada vez mais
bela e mais próxima à figura original criada
por Deus.
A perfeição da flor
desenhada nunca chegará a ser a da florescência
Divina, pois o Espírito alcança
apenas uma perfeição relativa.
Porém, será igualmente
bela a flor desenhada pelo homem após
as sucessivas experiências na
carne.
* * *
Vivemos para organizar
os traços de nossa intimidade, buscando
dar-lhes aspectos harmônicos, inspirados
e guiados pelas leis Divinas.
A educação nunca foi um
ato de colocar algo para dentro de nós,
e sim de colocar para fora,
desenvolvendo potencialidades.
A etimologia da palavra
educação nos mostra os termos:
ex, que significa para fora, seguido da expressão
ducere, que se
entende por guiar, conduzir,
liderar.
Assim, educar é
conduzir, guiar, retirar de dentro de nós algo
que está lá,
embrionário.
Olhemos para dentro,
cuidemos de nós, invistamos nosso tempo
na evolução espiritual e veremos esses
traços bailando pelas telas
do mundo produzindo grandes belezas.
Temos conosco os
gérmens de todas as virtudes, de todas as flores
de nossa alma.
Redação do Momento
Espírita com citação do texto A flor,
do livro A invenção
do dia claro, de José Sobral de Almada Negreiros,
ed. Assirio
& Alvim.
Em
22.3.2013.
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