Poeta, quem és tu; um lavrador de sonhos,
ou simplesmente um artesão de versos em filigrana?
Poeta, quem és tu?
( Eugénio de Sá )
Poeta; que inquietação é essa que te assalta a alma
Que tão depressa te faz correr a pena, buliçosa,
Como a deixas pousada, inerte, expectante e curiosa
Até que, de novo, te volte o viço de escrever, em versos,
A vida, que bastas vezes parece querer deixar-te à margem?
Nasceste para amar a humanidade, total e incondicionalmente.
Não obstante, sofres com ela as suas dores e desesperos
E, por ela, carregues tantas mágoas, que mal as podes suportar.
Ainda assim, deixas que se apurem em ti paixões alheias,
Amores e abandonos, que sentes como se fossem teus...
Ah poeta, que acompanhas a noite servindo-te da lua
Para passeares as tuas reflexões, deslumbres, desatinos e frustrações
Como as filhas da rua, que dela se servem, em hesitantes passos
Para mostrar os seus corpos usados, na ilusão que um dia aprenderão a amar.
Que procuras, poeta, nessas pedras gastas de tantos cansaços?
Julgado e julgador, vives das complexas misturas de sentimentos
Em que te envolves e te aprisionas pela plena assumpção da tua missão
Até que se te apague no peito o sopro desta tua penosa existência terrena.
A Missão do Poeta
( Eugénio de Sá )
Porque o sonho é a base da poesia
- e sem ele não há inspiração -
o poeta sempre tem por primazia
transmitir do seu sonho a emoção
Da magia que a sua mão desenha
em cada verso fluirá o amor
e cada dor encontra a esperança prenha
nas carícias da alma do autor
em cada verso fluirá o amor
e cada dor encontra a esperança prenha
nas carícias da alma do autor
Não é um Deus menor que lhe acalenta
a tristeza que às vezes o domina
e que o seu coração não afugenta
a tristeza que às vezes o domina
e que o seu coração não afugenta
Por que o induz a mágoa que apascenta
as agruras da vida e dos irmãos
a que ele não se exime nem se ausentaas agruras da vida e dos irmãos
( Eugénio de Sá )
Ao Serviço da Cultura Lusófona
Fevereiro de 2014