No centro da praça um lindo jardim com amores-perfeitos exala um perfume primaveril, orientando os pares de olhares que ali circulam. À esquerda da praça ouvem-se as doze badaladas do anúncio de um novo ciclo de alegrias e tristezas.
Mais ao fundo, uma linda melodia chega aos ouvidos daqueles que um dia foram nossos mestres.
Junto com a melodia abre-se uma pequena janela branca, iluminada por um perfume poético inigualável, projetando-nos a um mundo exótico.
Fisgados pela melodia, passos calmos e gentis se aproximam, levando com eles um carinho único e soberbo.
No quarto, uma brisa leve faz com que uma cortina branca voe em um movimento lento, como querendo dizer alguma coisa.
Sobre a cabeceira, um cristal reflete um prisma multicor, misturando-se ao brilho da lua e ao perfume.
Sob a colcha vermelha, uma linda alma coberta por uma camisola branca se retorce em carícias misteriosas, seus gemidos harmônicos tomam conta do ambiente transcendendo a luz do luar que penetra por aquela janela, deixando seu corpo em êxtase total.
Em um ruído tímido a porta se abre, e uma sombra de carinho se aproxima lentamente até aquele corpo que brilha romantismo, rompendo o luar.
Discretamente seu corpo é erguido até o centro da colcha. No mesmo instante, em um passe de mágica, uma linda voz ecoa Alaniz., enquanto lábios úmidos inundam o pescoço daquela alma que delira em um pecado sem igual...
Lentamente, dentes rompem um laço, fazendo com que a camisola branca caia lentamente, deixando suas rosas desabrocharem para um mundo de magia e êxtase...
Enquanto isso, como cúmplice, a lua arremessa seus raios com intensidade, iluminando aqueles que amam sem medo.
Sobre a colcha vermelha, carícias loucas misturam-se ao prisma, formando um só âmago, um só coração...
Naquele ambiente multicolorido, gritos e gemidos são remetidos até a praça, fazendo com que corações e mentes encham-se de um delírio tímido e infinito.
E na janela a lua observa aqueles que ali se acariciam loucamente exalando o perfume da paixão, do desejo.
A sombra do carinho, com seus lábios úmidos, percorre sua geografia, descobrindo os rios, veios e relevos mais misteriosos.
A lua na janela aumenta sua penetração, revelando os corpos que ali ardem em momentos únicos, divinos, abençoados.
Bocas e mãos se entrelaçam em movimentos loucos, corpos úmidos de paixão encaram os minutos como hora de paixão e reflexão.
Enquanto ouvidos e olhares arrepiam-se com a melodia que invade a praça, uma badalada indica que o momento reinicia com penetração celeste da lua em seu mais profundo âmago, deixando sua alma leve, livre de preconceitos e respeitos ou compaixões.
Na janela, a brisa e a lua observam os corpos bêbados de prazer fundindo carinho, amor e êxtase.Já restabelecida, com sua língua úmida e um pouco áspera, aquela alma começa a descobrir uma geografia até o momento oculta para seus lábios. Com gemidos suaves, sua paixão cresce a cada toque daquele elemento tão frágil que vem descobrindo os sabores da vida que ali arde sem sentimento de culpa, sem perceber que uma pequena semente foi plantada para que mais tarde seja regada com a prata do prazer e ouro daqueles que acreditam no amor em sua plenitude, sem que nada e nem ninguém mude aquele momento mágico.
Enquanto aquela alma desliza em seus horizontes, seu carinho acaricia um corpo que ferve em desejo de tornar aquele momento único e soberbo.
E na praça os olhares continuam a vagar, agora totalmente desorientados, à procura do motivo por que em suas vidas aquele momento também não era real e perfumado como a noite.
E, como por encanto, a lua, em sua forma plena, vela aqueles corpos cobertos por raios multicores, e ardem em gozos e gritos, unindo corações e mentes em um só corpo, em um único e divino momento.
Os amores-perfeitos daquele jardim abrem-se para o mundo como se aplaudissem aqueles momentos de paz e euforia totalmente sincera e elegante.
Os jacarandás ao redor da praça servem de abrigo para bem-te-vis, sabiás, curiós e cardeais que, mesmo na noite, cantam sua melodia agradecendo aos céus o momento do amor, o momento do perfume, o momento da paixão sem barreiras ou argumentos falsos, hipócritas.
Naquele quarto, os raios da lua penetram e cobrem os corpos de prata, tornando a penetração ainda mais apaixonante, chegando até o âmago daquela existência frágil e tentadora.
Sobre a colcha vermelha, dois mundos dividem uma história de muito carinho e sabedoria.
Na janela, como despedida, a lua, com sua cor de prata, mostra-se radiante, dizendo que ali foi plantada uma semente imortal, que regada com naturalidade fará desabrochar o amor em sua forma plena e cativante, fazendo com que a paz renasça para o amor sem paradigmas ou preconceitos.
E se despede, dando lugar ao sol, que reinará absoluto em sua luz mais brilhante, brindando a todos com a primavera do justo.
Janeiro/2005Porto Alegre - RS
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