Aqui são edições, selecionadas pela owner/fundadora do grupo Amor em Palavras em 30 de março de 2004,também pode haver edições de grupos amigos.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

A IMPORTÂNCIA DA AMIZADE

“A amizade verdadeira nos conduz a uma comunhão com o Superior”
José Luiz Condotta

Nos dias atuais a palavra amizade é usada indiscriminadamente para alguma coisa que não é verdadeira; por isto está tão vulgar e desacreditada. Usam-se para conceituar as simples relações encontradas entre os “amigos”: camaradas de café, conhecidos de trabalho, de escola, interesseiros etc. Não podemos confundir tudo isto como a amizade verdadeira, fiel, aquela dos amigos-da-alma.

Portanto temos que ter em mente as nossas associações e dar diversos graus à amizade: colegas, conhecidos, vizinhos etc. Não confundir o amigo verdadeiro com aquele que simula amizade.

O que é amizade?

Amizade é a comunicabilidade mútua, leal e sincera. É a relação harmoniosa, criadora, desinteressada com o outro, que desenvolve o ser humano dando-lhe novas dimensões , sentido através da criatura o criador. Exige amor, compreensão de todo o passado, presente e futuro que se encontra no íntimo dos homens. Impulsiona o homem a transcender-se, retira-o do seu isolamento, do vazio interior e da solidão. É uma necessidade superior e espontânea, é o alimento da via afetiva. Deve ser expansiva, irradiante, comunicativa, mobilizando o "eu" para tornar-se produtiva e criativa. Seu ponto fundamental é a de alcançar a realização do outro, por isto exige a solidariedade, caridade e muita compreensão. É centralizada no bem, em um amor generoso, verdadeiro, incondicional e universal. Por tudo isto, a sua falta pode ocasionar muitos conflitos psicológicos e emocionais, onde uma das queixas
é o sentimento de solidão, desamparo, desesperança e vazio.
Devemos saber que, quando a amizade é verdadeira, ela nunca se acaba, como bem diz o provérbio: “a amizade que acaba, nunca foi amizade”.

A importância da amizade

Como somos seres sociais, reencarnantes, desde a vida intra-uterina estamos interagindo com o nosso semelhante, processo natural da nossa condição, dádiva divina para o nosso progresso, para colocarmos em cheque as nossas imperfeições e aptidões.
Observemos a questão 766 de “O Livro dos Espíritos” de Kardec: “A vida social está em a natureza? Certamente. Deus fez o homem para viver em sociedade. Não lhe deu inutilmente a palavra e todas as outras faculdades necessárias à vida de relação”. Na questão 768: “Procurando a sociedade, não fará o homem mais do que obedecer a um sentimento pessoal, ou há nesse sentimento algum providencial objetivo de ordem geral?
O homem tem que progredir; insulado, não lhe é possível. Homem nenhum possui faculdades completas. Mediante a união social é que elas umas às outras se completam, para lhe assegurarem o bem-estar e o progresso. Por isso é que, precisando uns dos outros, os homens foram feitos para viver em sociedade e não insulados”.
Refletindo as palavras de Kardec, percebemos que ele fala da verdadeira amizade, quando esclarece que somos sociais e que os homens precisam um dos outros, que aprendem com os semelhantes e que essa relação é importante para o desenvolvimento pessoal e espiritual. Não podemos esqueder que espíritos amigos são colocados em nossos caminhos para ajudar-nos nas tarefas evolutivas.

A amizade deve começar dentro do lar. Ensina-nos a resposta da questão 774 do LE de Kardec: “Há no homem alguma coisa mais, além das necessidades físicas: há a necessidade de progredir. Os laços sociais são necessários ao progresso e os de família mais apertados tornam os primeiros. Eis porque os segundos constituem uma lei da natureza. Quis Deus que, por essa forma, os homens aprendessem a se amar como irmãos”.
Ainda na questão 775: “Qual seria, para a sociedade, o resultado do relaxamento dos laços de família? Como resposta, temos: Uma recrudescência do egoísmo”.

Na família, geralmente, estão as pessoas que realmente se amam de forma incondicional e, muitas vezes, quando observamos conflitos e adversidades é porque um ou mais membros se perderam em algum ponto da sua evolução. Lembremos que quem mais amamos muitas vezes é quem mais nos fere profundamente, pois entregamos a ele a chave do nosso coração.

Nos transtornos emocionais a falta da amizade assume uma importância capital, pois nas histórias dos pacientes ela quase sempre está presente. São queixas claras de convívios doentios, falta de compreensão de filhos, disputas entre irmãos e familiares, pais competindo com os filhos, ambientes de trabalho com péssima interação entre as pessoas e perseguições, traições de amigos e parentes, impedindo a verdadeira amizade, ocasionando frustrações, decepções, impondo sentimentos negativos que com o tempo se cronificam e geram os distúrbios emocionais, principalmente os quadros depressivos e ansiosos.

Onde estão os obstáculos?

Reencarnamos e na escala evolutiva é comum querermos conviver com um amigo, fortalecendo os laços da amizade e repudiarmos a presença de um inimigo. Nada acontece por acaso. Se estivermos entre amigos, é porque temos que praticar as boas qualidades da nossa alma e, se entre inimigos, é para sentirmos as nossas deficiências, corrigi-las, se possível, para evoluirmos. É a oportunidade para exercitarmos na prática o perdão àqueles que nos magoaram e nos feriram.

Muitas barreiras que dificultam o relacionamento humano são derivadas do egoísmo e do orgulho. A incapacidade de adaptação é também um impedimento, a pessoa se sente desligada do âmbito social, refugiando-se na fuga, na reclusão.
Kardec no LE, questão 769: “Que se deve pensar dos que vivem em absoluta reclusão, fugindo do pernicioso contato do mundo? Duplo egoísmo é a resposta, porque se esquece da lei do amor e caridade e podem facultar ocasiões para fazer o bem”.

Muitos se afastam da amizade por dificuldade em dedicar-se a alguém, vivendo em função de si, numa fixação egocêntrica, onde busca tudo para si, pensa só em si, produzindo antipatias gratuitas e preocupações doentias. Outras demonstram a incapacidade de doação, fixando-se na fase captativa, reclamadora e exigente. Devido suas fixações não conseguem chegar a um amadurecimento psicológico e espoiritual, criam uma falsa realidade que os levam a desilusões, frustrações e fracassos, gênese de muitos distúrbios emocionais.

Como corrigir estas dificuldades?

O homem conduz a sua vida utilizando suas habilidades intelectuais, sua vontade, seu afeto para comunicar-se e age com a sua maturidade espiritual. Este equilíbrio dá-lhe a condição de adulto; portanto suas atitudes devem corresoponder a esta dimensão. Para superar dificuldades em comunicar-se amistosamente com os demais, fica claro que esse equilíbrio
(intelecto, afetivo e espiritual) deve estar presente. O respeito pelo limite alheio também é necessário, bem como estabelecer o seu, pois você não sabe muitas vezes precisá-lo.

Duas pessoas, diante da inimizade, quem deve dar o primeiro passo para acabar com a discórdia? Se nenhuma, ambas ainda não estão em condições evolutivas para se compreenderem. Devem pensar em se reformarem para adquirirem esta condição. Uma das duas tomando a iniciativa é porque já se adiantou na escala reformadora; está mais adulta, mais corajosa, mais equilibrada, importando-se mais com o seu próximo e com os ensinamentos de Deus.

O benefício da amizade

A amizade verdadeira nos conduz a uma comunhão com o Superior; ela é cheia de amor aos pais, parentes, amigos, vizinhos, sendo estes amores lícitos e honestos que fazem o nosso progresso. Ela ensina, transforma e renova.

Sentindo o progresso, podemos sentir também a paz, essa sensação maravilhosa que nos enche de coragem, amor e esperança para que todos nós tenhamos uma vida saudável. Podemos ter a certeza que a amizade verdadeira nos conduz a tudo isto.
Bibliografia:
1. O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.
2. Amor em profundidade. E.González – Ruiz e J.Legaud.
3. Fundamentos da Reforma ìntima. Abel Glaser – pelo espírito Caibar Schutel.

O autor é Médico Psiquiatra e Terapeuta da Regressão. Participa de atividades espíritas em Sorocaba e colabora no Centro de Difusão de Estudos da Consciência de São Paulo. Publicado na Revista Internacional de Espiritismo, setembro de 2008.

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